terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Moda na Semana de 1922


Já faz 90 anos que uma das semanas mais importantes das artes brasileiras teve início, no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922.

Com tantas comemorações em torno da data, não poderia deixar em branco o papel da moda na vida de um das peças-chave da arte brasileira da década: a artista Tarsila do Amaral.

Primeira dama do movimento modernista, a mulher de Oswald de Andrade era apaixonada pelas criações de um dos mais vanguardistas costureiros de Paris, o estilista Paul Poiret. Foi ele o responsável pela imagem de Tarsila que fez época tanto em Paris como no Brasil por suas roupas e adereços.

“Lembro-me dela no teatro, no Trocadero, com uma capa escarlate, forrada de cetim branco, um chapéu de vidrilhos, grande e negro”, conta Georgina Malfatti, irmã de Anita, em 1967.

 Em 1929, Poiret desenvolveu o vestido que Tarsila usaria na sua primeira exposição no Brasil. Oswald até chegou a fazer um poema para sua amada com o nome de seu estilista preferido, “Caipirinha vestida por Poiret”.

 Como diria o poeta Guilherme de Almeida, “De Paris voltou com vestidos de Poiret, a ensinar a gente a ser brasileira”.

Poiret e Tarsila do Amaral

"Caipirinha vestida por Poiret
A preguiça paulista reside nos teus olhos
Que não viram Paris nem Piccadilly
Nem as exclamações dos homens
Em Sevilha
À tua passagem entre brincos
Locomotivas e bichos nacionais
Geometrizam as atmosferas nítidas
Congonhas descora sob o pálio
Das procissões de Minas
A verdura no azul klaxon
Cortada
Sobre a poeira vermelha
Arranha-céus
Fordes
Viadutos
Um cheiro de café
No silêncio emoldurado"

                                                              Oswald de Andrade

O costureiro em seu ateliê

Sempre elegante: Tarsila

O look da artista que inspirou o poema de Oswald de Andrade 

3 comentários:

Marilia disse...

Ótimo post, gosto muito dos seus textos!

Marilia disse...

Ótimo post, gosto muito dos seus textos.

Alexandre disse...

super pertinente essa ponte entre Tarsila/Oswald/22.
só lamento o Abapuru na Argentina, pero...
ao menos no Malba.